Por Luis César Souza (Do seu mais recente livro, DUAS TERRAS DAQUI)
É como se fossem dois planetas: um olhando pra cima (aonde?), outro para baixo (aonde?). Um vê o outro, mas o outro não vê o um. O outro está preso à terra, materrea, o um mira a Terrah, um lugar inexistente, somente presente na mente dos crentes, diferente…
As crianças estarão nele, os loucos, os santos, os embelezados de amor, puro, puros. Os que não se deixarem levar levarão um barco qualquer, uma nave mental e tal, tal coracional. Um universo a mais, uma presença para o amigo, uma palavra, um abrigo, um abraço fraterno, terno.
Um beijo azul, uma transparência, um sem medo qualquer. Ou uma tragicomédia grega, lusa, brasílica. Um osso duro de roer, uma sensação de ambiguidade, uma verdade encoberta, um cobertor de plástico, a frieza nas mãos, a desatenção, o desalento? Um momento então no ar que nos liberte de nós, assim feitos nós. Emparelhados, mas, lado a lado?
A tinta negra pinta cinzas da escuridão, uma ebulição, um trombone. Um ponto final, sem juízo fatal, sem perigo depois do salto pro alto, um assalto de cor ação, uma benção, um axé, uma oferenda infinda, cheia de lágrimas, água, sal e risos.
Fazia falta um rio, uma ruptura, um riacho doce antes do almoço, um esforço com força, um desgosto, um despertar, um acorde poesia, um beba do samba, uma mensagem.
Nas profundezas dos risos a paixão inusitada pelo inconcluso, o obtuso, a prescrutância e a simplicidade no existir, o miserê dos deuses, a exuberância das dores, flores do amanhã, que não secarão de manhã. Regarão, serão regadas, carregadas invisíveis por um profeta embriagado, um bemaventurado qualquer um.
De aqui de uma Terra a outra dá pra muito céu ver de entardecer. A gente precisa crer para ver.